
Desvalorização do carro: o que acontece nos primeiros 5 anos de uso
Você já notou que um carro zero quilômetro começa a perder valor assim que sai da concessionária? Pois é, a desvalorização de um veículo é um fenômeno inevitável – e nos primeiros anos ela pega pesado no bolso.
Neste post, vamos bater um papo sobre como o seu carro vai perdendo valor ano a ano nos cinco primeiros anos de uso, por que isso acontece e como diferentes tipos de carros sofrem desvalorizações distintas. Também vamos refletir: será que vale a pena vender no 2º ano ou segurar até o 3º?
Vamos juntos entender essa depreciação sem frescura, com dados do mercado brasileiro.
1º ano: a maior queda no valor do carro
No primeiro ano de uso, acontece o maior "baque" no valor do carro. Assim que o veículo deixa de ser zero km e ganha placa, ele imediatamente se torna um usado – e isso por si só já tira uma fatia do seu preço.
Em média, um carro novo pode perder entre 15% e 20% do valor somente no primeiro ano de vida. Essa perda ocorre porque o encanto de "carro novo" passa e o mercado entende que, se você for revendê-lo, já não é mais novo em folha.
Itens como o IPVA e taxas iniciais também não são recuperáveis na revenda, contribuindo para a sensação de que "saiu da loja, perdeu dinheiro".
As variações por categoria
Importante dizer que 15-20% é uma média. Há casos variando conforme o modelo e categoria:
- Carros de luxo ou premium tendem a desvalorizar ainda mais nesse primeiro ano – alguns modelos importados chegaram a registrar queda de até ~22% em 12 meses
- Carros populares muito procurados podem perder um pouco menos – já houve ano em que um Chevrolet Onix teve apenas cerca de 7–8% de queda no primeiro ano
Em resumo, no primeiro ano quase todo carro dá aquela "murchada" no preço. O percentual exato varia: pode chegar a 20% ou mais nos casos extremos, ou ficar perto de 10% nos modelos mais queridinhos do mercado.
2º ano: continuação da perda, mas em ritmo menor
Depois do tombo inicial, o segundo ano de uso ainda traz desvalorização significativa – porém um pouco mais branda em relação ao primeiro ano.
Nessa fase, muitos veículos perdem cerca de mais 10% a 15% do valor em relação ao preço original. Ou seja, se somarmos com o primeiro ano, ao fim do segundo ano seu carro já pode ter desvalorizado algo em torno de 25% a 35% do valor inicial.
Por que ainda cai bastante?
Com dois anos, o carro já não é tão novo assim: podem surgir os primeiros sinais de desgaste, alguns modelos podem ter sofrido atualização pela montadora, e os compradores de seminovos esperam um desconto maior. Além disso, garantias de fábrica começam a se aproximar do fim, o que diminui um pouco o valor percebido do usado.
Mesmo aqui, há variações: carros com baixa demanda continuam despencando. Já veículos com fila de compradores podem segurar melhor o valor. Por exemplo, uma pesquisa da Mobiauto mostrou que sedãs tiveram desvalorização média menor que a de SUVs – em torno de 7,5% ao ano contra 9,4%, respectivamente.
3º ano: desaceleração da depreciação
Chegando ao terceiro ano de uso, muita gente respira aliviada porque a taxa de desvalorização normalmente começa a desacelerar.
Se nos primeiros anos o carro "derretia" de preço, agora a perda anual costuma ser um pouco menor – em geral na faixa de 7% a 10% ao ano entre o 3º e o 5º ano de vida do veículo.
Por volta do terceiro ano, vários fatores se equilibram: o carro já pagou a maior parte daquele sobrepreço de ser novo, e se ele estiver bem cuidado, ainda é relativamente moderno e confiável.
O ponto de equilíbrio
Muitos modelos populares com 3 anos são bem atraentes no mercado de usados, pois têm um bom balanço entre preço e estado de conservação. Sedãs médios como Toyota Corolla e Honda Civic, por exemplo, são conhecidos por segurar bem o valor nessa idade.
Até aqui, possivelmente seu carro acumulou uns 30 e tantos por cento de desvalorização total. A essa altura, um modelo típico pode valer cerca de 60-70% do que custava zero km.
4º e 5º anos: perto de metade do valor inicial
Entre o quarto e quinto anos de uso, o carro entra numa fase de desvalorização mais lenta e previsível. A cada ano adicional, a queda tende a ficar na casa de uns 7-10% por ano.
No fim do quinto ano, muitos veículos populares e de categoria média já terão perdido algo próximo de 40% a 50% do valor que tinham quando novos. Ou seja, valer mais ou menos metade do preço original é comum para um carro com cinco anos de uso normal.
As exceções à regra
Claro que este percentual pode ser menor para carros que seguram valor acima da média:
- Picapes médias diesel, como Toyota Hilux, costumam impressionar na revenda e perdem bem menos de metade do valor em 5 anos
- Carros de nicho ou com manutenção cara podem valer menos da metade após cinco anos
A boa notícia é que, passados os cinco primeiros anos, a depreciação tende a estabilizar. Depois do quinto ano, as quedas anuais costumam ficar menores (5% ao ano ou até menos), porque o preço do carro atinge um patamar mais baixo e próximo do valor "de uso" dele.
Popular, SUV, sedã ou premium: quem perde mais valor?
Nem todos os carros se desvalorizam na mesma proporção. O tipo e a categoria do veículo influenciam bastante na taxa de depreciação.
Carros populares: os campeões de retenção
De forma geral, carros populares (hatches de entrada e sedãs compactos básicos) têm uma vantagem: por serem mais baratos e haver muita procura no mercado de usados, costumam perder menos em % do seu valor.
Peças baratas e manutenção simples ajudam a segurar o preço. Muita gente quer comprar um usado econômico e confiável, então modelos como Gol, Uno, Onix, HB20, Ka etc. tendem a ter fila de compradores.
SUVs: comportamento variado
SUVs – a categoria queridinha do momento – têm comportamento variado. Muitos SUVs compactos populares (HR-V, Creta, Renegade) mantêm bom valor por causa da alta demanda: todo mundo quer um SUV, então mesmo usados eles são disputados.
Entretanto, como a oferta de SUVs novos explodiu nos últimos anos, alguns modelos acabam desvalorizando mais que se espera. Um SUV pouco desejado pode virar um mico e despencar de preço – exemplo: o Renault Captur (SUV compacto que saiu de linha) andou perdendo ~24% ao ano em valor.
Carros premium: o maior impacto
Quando falamos de carros premium ou de luxo, a história muda de figura. Carros importados caros sofrem um impacto forte de depreciação no início, muitas vezes acima da média do mercado.
Os motivos? Esses veículos têm manutenção cara, seguro alto, consumo elevado e um público comprador restrito. Então o preço "de vitrine" de um zero km de luxo despenca quando ele vai para a revenda, virando o famoso "semi-novo de rico".
A boa notícia aqui é mais para o segundo dono: quem compra um carro premium com 2 ou 3 anos de uso pode pagar quase a metade do valor original.
Afinal, qual é a hora certa de trocar?
Essa é a pergunta de muitos proprietários: quando compensa vender o carro para minimizar perdas? Não existe uma resposta única, mas dá para analisar alguns cenários.
Vender no 2º ano
Vender no segundo ano de uso significa que você foge dos anos posteriores de desvalorização – você pega o carro ainda relativamente novo e passa adiante antes de ele envelhecer mais.
Por outro lado, ao vender no 2º ano, você certamente já engoliu a maior depreciação (1º ano) e mais a do 2º; provavelmente perdeu uns 25-30% do valor inicial. Além disso, ao comprar outro zero, você vai reiniciar o ciclo de perdas altas.
O meio-termo inteligente: 3º ao 4º ano
Segurar o carro até o 3º ou 4º ano pode ser, para muitos, um meio-termo inteligente. Como vimos, do 3º ano em diante a desvalorização anual tende a ser menor.
Se o carro está em bom estado, manter até o terceiro ou quarto ano faz com que você diluia a perda de valor por mais tempo e aproveite mais o bem que comprou. Além disso, até o 3º ano geralmente o carro não começou a dar grandes gastos de manutenção fora das revisões básicas.
E o 5º ano?
Após cinco anos, o carro já desvalorizou quase tudo que tinha que desvalorizar em ritmo acelerado. Manter o carro por mais de 5 anos pode ser vantajoso se você quer extrair o máximo valor de uso do veículo.
Por outro lado, após 5 anos começam a aparecer custos de manutenção mais pesados (peças que se desgastam, fim de garantia, pneus, pastilhas, correias, etc.).
A recomendação dos especialistas
Muitos especialistas citam que entre 3 e 5 anos de uso é a janela em que vale a pena considerar a troca, antes que o carro fique velho a ponto de desvalorizar por outros fatores (quilometragem muito alta, modelo ultrapassado, etc.).
No fim das contas, vale a pena colocar na ponta do lápis o quanto você já perdeu x quanto ainda vai perder e também pensar no uso: se o carro ainda te atende bem e não dá despesas anormais, não há mal em ficar com ele mais tempo.
Conclusão
A depreciação de um carro não precisa ser um bicho de sete cabeças. Sabendo que nos primeiros cinco anos o valor do veículo cai entre 40% e 60% em média, você consegue se planejar melhor.
Cada ano de uso tem seu impacto: do tranco forte no primeiro ano até a calmaria relativa após o quinto. E cada tipo de carro segue sua lógica de mercado, com populares segurando preço e importados de luxo virando pechinchas de segunda mão.
O importante é usar essas informações a seu favor. Cuide bem do seu carro, acompanhe os preços de mercado (Tabela Fipe e plataformas como KBB Brasil são suas amigas) e faça as contas antes de trocar de carro.
Assim você dirige tranquilo, sabendo que tomou a decisão que melhor equilibra sonho e bolso!